postagem 31Na última década houve uma importante mudança de perspectiva em relação ao papel da ciência na Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil. Há muitos anos, vínhamos nos concentrando no desenvolvimento da ciência em si, relegando a criação de soluções práticas para questões sociais e ambientais, tidas como realidades distantes. Entretanto, quando incertezas científicas são confrontadas com a necessidade de soluções práticas de problemas relacionados à tomada de decisões, diversos conflitos podem surgir. O aperfeiçoamento da comunicação entre a academia e o governo sem dúvida é um passo inicial necessário. (Scarano & Martinelli, 2010).


Porém, o paradigma das ciências voltadas à biodiversidade vem mudando, e precisamos conseguir atender às novas demandas desta década. Além de descrever a diversidade de plantas do Brasil, a Botânica tem que definir estratégias e prioridades para a conservação de plantas, deixando de lado a postura exclusivamente acadêmica e adotando uma perspectiva conservacionista. Dessa forma, os botânicos podem desempenhar um papel singular na orientação do processo de tomada de decisões ao informar os efeitos de políticas ambientais na estrutura e dinâmica da flora brasileira. Instituições federais como jardins botânicos, universidades e centros de pesquisa, que contam com um conselho científico composto de botânicos, devem passar a incluir em seus regimentos internos a necessidade de apoio à elaboração de políticas ambientais. Mais importante ainda é a dedicação à essa missão por meio da pesquisa aplicada, direcionada às prioridades específicas da agenda ambiental brasileira.
Com 205 anos de existência, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ tem uma longa história de contribuição para o desenvolvimento de conhecimento científico e de ações, protocolos e projetos voltados para a conservação de plantas. Diversas iniciativas podem ser destacadas, como por exemplo a criação do primeiro parque nacional do Brasil, em 1937 – o Parque Nacional de Itatiaia, outrora uma estação de pesquisa de campo do JBRJ. Mais recentemente, o estabelecimento de importantes coleções botânicas, tais como o Herbário RB, o banco de DNA, a coleção viva e o banco institucional de sementes representam passos importantes rumo a uma conservação eficaz. Há mais de dois séculos, o JBRJ vem salvaguardando a memória das paisagens naturais brasileiras e de suas transformações, conservando plantas introduzidas no período colonial e, ao mesmo tempo, investindo no avanço científico com o intuito de enfrentar o desafio de conservar a diversidade de plantas.
Nos últimos anos, porém, o JBRJ assumiu um papel de liderança no cenário de conservação global, com a criação do Centro Nacional de Conservação da Flora – CNCFlora. Este Centro foi estabelecido em dezembro de 2008, no âmbito da infraestrutura do JBRJ, para alinhar os esforços nacionais com as iniciativas internacionais voltadas à conservação de plantas. Sua missão é coordenar os esforços nacionais de conservação de plantas, produzindo e revisando a lista oficial de espécies em risco de extinção, desenvolvendo planos de ações para a proteção e a recuperação da flora, coordenando a implementação de ações direcionadas à conservação exsitu e estimulando a produção de inventários de plantas em áreas prioritárias. O CNCFlora segue o sistema desenvolvido pela Estratégia Global para a Conservação de Plantas (EGCP), privilegiando as metas que vão ao encontro das possibilidades e prioridades nacionais. Por esses motivos, as ações do CNCFlora nos últimos quatro anos obedeceram a uma ordem lógica, que priorizou a consolidação da lista de espécies da flora do Brasil, para então conduzir uma ampla avaliação do risco de extinção de plantas, que, por sua vez, resultará em um processo contínuo de planejamento e monitoramento da conservação.
Fonte: Martinelli, G., Valente, A. S. M., Maurenza, D., Kutschenko, D. C., Judice, D. M., Silva, D. S., ... & Santos-Filho, L. A. F. (2013). Avaliações de risco de extinção de espécies da flora brasileira. Livro Vermelho da Flora do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jacobsson, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico. http://cncflora. jbrj. gov. br/arquivos/arquivos/pdfs/Livro Vermelho. pdf, 60-102.

 

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