A espécie Chelonia mydas possui distribuição cosmopolita, desde os trópicos até as zonas temperadas, sendo a espécie de tartaruga marinha que apresenta hábitos mais costeiros, utilizando inclusive estuários de rios e lagos. As desovas ocorrem principalmente nas ilhas oceânicas, Ilha da Trindade (ES), Atol das Rocas (RN) e Fernando de Noronha (PE).

Na costa brasileira, áreas de desova secundárias ocorrem no litoral norte do estado da Bahia. Esporadicamente ocorrem também ninhos nos estados do Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte. Ocorrências não reprodutivas são registradas em toda a costa do Brasil e também nas ilhas.

Pelo fato das áreas prioritárias de reprodução estarem localizadas em ilhas oceânicas isoladas, C. mydas sofreu menor impacto de predação sobre ovos e fêmeas que outras espécies, e estas áreas de desova não estão sujeitas à ocupação desordenada da zona costeira. Esta espécie apresenta o maior número de indivíduos juvenis mortos encalhados ao longo da costa brasileira em decorrência do aumento da pesca costeira de emalhe.

No Brasil, as áreas prioritárias de desova estão localizadas em ilhas oceânicas: Ilha da Trindade, Atol das Rocas e Fernando de Noronha. Na costa brasileira, áreas de desova secundárias ocorrem no litoral norte do estado da Bahia. Esporadicamente, ocorrem ninhos nos estados do Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte. Apesar das áreas reprodutivas com informação disponível se limitarem aos estados descritos acima, as ocorrências não reprodutivas, sobretudo de indivíduos em estágio juvenil, se distribuem ao longo de toda a costa, inclusive com recaptura de indivíduos juvenis marcados em águas brasileiras e recapturados em outros países e também das ilhas oceânicas.

As tartarugas-verdes agregam-se nas áreas de reprodução e se espalham pelas áreas de alimentação, podendo haver em uma mesma área indivíduos de estoques genéticos diferentes. Estudos genéticos realizados em dois pontos da costa brasileira indicam a presença de haplótipos do Atol das Rocas, Ilha da Trindade, Ilha de Ascencion, África, México, Costa Rica e Suriname. Para as áreas de desova, os estudos indicam estrutura populacional significativamente distinta entre a ilha de Trindade e Fernando de Noronha/Atol das Rocas.

As tartarugas marinhas, em geral, apresentam maturação tardia e ciclo de vida longo, e podem levar mais de uma década para atingir a maturidade sexual, podendo demorar de 40 a 60 anos para voltarem à mesma praia de nascimento para reproduzir pela primeira vez. O período de três gerações ultrapassa os 100 anos. Nos primeiros anos de vida, C. mydas apresenta uma dieta onívora, com tendência carnívora. Após a fase pelágica, com carapaça entre 30 e 40 cm de comprimento, torna-se herbívora, com uma dieta principalmente de macroalgas e fanerógamas. Como é de ampla distribuição, as preferências alimentares podem variar de acordo com disponibilidade em cada área (herbivoria). Habita áreas neríticas, associadas a bancos de fanerógamas submersas e algas durante a fase imatura pós-fase pelágica e também na fase adulta. Ao atingirem a maturidade sexual, realizam migrações buscando as áreas de reprodução. Os adultos se agregam nas áreas reprodutivas e espalham-se durante os períodos não reprodutivos, podendo haver em uma mesma área de alimentação indivíduos de estoques genéticos mistos. A atividade reprodutiva das tartarugas verdes no Brasil é semelhante entre as colônias que nidificam no Atol Rocas, Fernando de Noronha e na Ilha de Trindade, iniciando em dezembro e prolongando-se até maio ou início de junho. As fêmeas que desovam no Atol das Rocas e Trindade apresentam comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) médio de 115,6 cm. Em cada desova depositam uma média de 122 a 125 ovos e o intervalo de remigração mais freqüente observado para estas populações é de 3 anos. A determinação sexual nas tartarugas marinhas depende da temperatura em que os ovos são incubados – temperaturas mais altas produzem fêmeas e mais baixas, machos. Para essa espécie a temperatura pivotal (na qual são produzidos 50 % de filhotes machos e 50% de filhotes fêmeas) no Brasil não é conhecida.

O impacto humano sobre os habitats das tartarugas marinhas é reconhecido há décadas, com os esforços para mitigação concentrados no ambiente terrestre. Apesar de progressos feitos na proteção e recuperação de ecossistemas marinhos em algumas áreas, impactos antropogênicos diretos ou indiretos continuam a ocorrer. Os principais fatores ligados ao desenvolvimento costeiro desordenado e que causam um impacto negativo nas populações de tartarugas marinhas são: movimentação da areia da praia (extração de areia e aterros); fotopoluição; tráfego de veículos; presença humana nas praias; portos, ancoradouros e molhes; ocupação da orla (hotéis e condomínios); e a exploração (produção e distribuição) de óleo e gás.

As tartarugas marinhas são geralmente vistas como vulneráveis às alterações climáticas devido ao papel que a temperatura desempenha na determinação do sexo dos embriões. O aumento da temperatura na ordem de 2° C pode causar a feminização de toda uma população. Além disto, por se tratarem de espécies de natureza altamente migratórias, mudanças de disponibilidade de recursos alimentares, de circulação de correntes marinhas e ventos podem comprometer seu ciclo de vida longo e complexo. Existem diferentes formas de poluição que constituem uma ameaça para os habitats marinhos e terrestres das tartarugas marinhas, que incluem som, temperatura, luz, plásticos, produtos químicos, efluentes e outros. De um modo geral, a poluição de qualquer tipo, ocorrendo acima de um certo limiar, pode produzir uma área inabitável. Em níveis abaixos desse limiar, pode significativamente degradar a qualidade do habitat, a capacidade de carga e outros aspectos da função do ecossistema.

Fonte: DE PÁDUA ALMEIDA, Antônio et al. Avaliação do estado de conservação da tartaruga marinha Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, n. 1, 2011.

 

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