O “Efeito pardalis” é uma nova teoria ecológica acerca da dinâmica das populações de carnívoros de médio porte, onde o felino mesopredador dominante, Leopardus pardalis (jaguatririca), ditaria o aumento ou a diminuição dos números populacionais das demais espécies de felinos de menor porte.

Carnívoros podem desempenhar importantes papéis na estrutura e diversidade biológica da comunidade e suas populações podem ser indicadores das condições dos ecossistemas. Tem sido cada vez mais demonstrado que o comportamento de predação intraguilda e o abate interespecífico realizado pelos carnívoros predadores podem impactar não apenas as populações de outros predadores e outros carnívoros, mas também influenciar a comunidade de presas pelos seus efeitos nos competidores interespecíficos, moldando a história evolutiva das espécies envolvidas.

Por exemplo, estudos recentes vêm trabalhando com a hipótese de que, na ausência de predadores de topo, os mesopredadores podem aumentar sua abundância e superexplorar vertebrados menores, levando a uma redução da diversidade biológica, evento denominado de liberação de mesopredadores.

Da mesma forma, a teoria do “efeito pardalis” demonstrou que, na verdade, é o mesopredador de topo, Leopardus pardalis quem tem influência negativa direta nas populações das espécies de felinos de menor porte, fazendo com que estas sejam muito raras nas áreas onde este felino é abundante. Isto, por sua vez, tem implicações diretas na conservação das espécies de menor porte (< 6 kg).

No Brasil existem 25 espécies de carnívoros continentais e destas nove são felinos. Os chamados pequenos felinos tipicamente incluem praticamente todas as espécies com porte menor a 20 kg.

Em território brasileiro estes representariam sete espécies: Leopardus pardalis (jaguatirica), Leopardus wiedii (gato-maracajá), Leopardus tigrinus (gato-pintado), Leopardus guttulus (gato-do-mato), Leopardus geoffroyi (gato-crioulo), Leopardus colocolo (gato-palheiro) e Puma yagouaroundi (gato-mourisco). Destas espécies, apenas a primeira não consta da lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, enquanto L. tigrinus e L. guttulus são as únicas espécies de felinos encontrados no Brasil considerados ameaçados de extinção ao nível mundial, segundo a IUCN.

Isto denota a importância destas espécies para a conservação. Entretanto, são frequentemente negligenciadas em ações tanto por parte das entidades governamentais quanto não governamentais, as quais sempre focam nos grandes felinos. Igualmente são bem menos conhecidas e estudadas que os grandes felinos.

Os pequenos felinos são animais furtivos, ocorrendo naturalmente em baixas densidades e pelo fato da maior parte das espécies possuírem atividade noturna, o estudo de parâmetros ecológicos, como estimativas de densidade populacional são inviáveis através dos métodos tradicionais de censos visuais. A utilização de novas metodologias, como o armadilhamento fotográfico e radiotelemetria de GPS tem permitido a obtenção de dados com maior acurácia e tornado com maior eficiência a avaliação do status populacional de muitas espécies, principalmente as ameaçadas de extinção.

A necessidade de conservar e preservar a biodiversidade são fundamentais para a sobrevivência do planeta e de todos que nele habitam. Os problemas que a Conservação e o Manejo da Vida Silvestre se propõem a resolver não são simplesmente problemas com os animais, as plantas ou seus habitats, mas principalmente problemas com as pessoas. Somos nós, os seres humanos, que representamos a maior ameaça ao mundo que vivemos hoje. É o ser humano quem decide a derrubada daquela floresta, que sustenta tanta vida, ou se irá eliminar aquela espécie que o está importunando, ameaçando sua vida ou a produção de sua propriedade. No final é o ser humano quem decide que espécies sobreviverão e determina qual o nível de ameaça que cada espécie terá no futuro. Assim, a resolução dos problemas de conservação vai além do escopo das ciências biológicas e deve levar em conta também o que as pessoas envolvidas pensam e fazem.

Fonte: https://procarnivoros.org.br/

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